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Alemanha - família brasileira passa a noite no telhado por conta de inundação

Alemanha - família brasileira passa a noite no telhado por conta de inundação

17/07/2021 às 11h26 Atualizada em 17/07/2021 às 14h26
Por: Redação
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Antes e depois do restaurante onde Lucas Spader trabalha, que foi afetado por forte chuva que atingiu a Alemanha Foto: Arquivo pessoal
Antes e depois do restaurante onde Lucas Spader trabalha, que foi afetado por forte chuva que atingiu a Alemanha Foto: Arquivo pessoal

Parentes e amigos de Marcela Amandio e Lucas Spader, pais de uma menina de 7 anos, arrecadaram mais de R$ 10 mil para reconstruírem seu lar na cidade de Bad Neuenahr Ahrweiler.

A Alemanha mantém operações de busca de corpos e resgate de sobreviventes da tragédia climática que atingiu a Europa. O número de mortos confirmados no continente já chega a 157, e há cerca de mil desaparecidos. A  trágica enchente que atingiu a Alemanha entre quinta-feira e madrugada de sexta provocou enormes perdas materiais para os brasileiros Marcela Amandio, Lucas Spader e a filha deles, Olivia, de 7 anos.

Moradores do primeiro andar de um sobrado na cidade de Bad Neuenahr Ahrweiler, eles tiveram seu imóvel atingido pela água rapidamente, chegando até a cintura enquanto Marcela ainda tentava salvar os documentos e itens mais importantes. Por fim, até mesmo o apartamento da vizinha no segundo piso foi inundado, obrigando todos a virarem a noite no telhado, envoltos por cobertores molhados que não adiantavam quase nada para afastar o frio. Uma vaquinha online para ajudar a reconstruir o lar arrecadou mais de R$ 10 mil.

— Vivi o terror — descreveu Lucas. — Primeira vez que senti medo de verdade na vida.

Lucas, que mora na Alemanha há um ano e até então nunca tinha visto algo semelhante naquela região, relatou que foi por volta das 23h que a chuva ficou realmente séria. Naquele momento, ele trabalhava no restaurante que fica em frente a seu prédio, onde estavam sua mulher e filha. O rapaz notou que havia algo estranho quando houve um tumulto dentro do local e ele acabou se assustando com o que viu do lado de fora.

— Saí correndo. Minha esposa estava acordada. Me deu a chave do carro, e eu tentei achar um lugar alto para deixá-lo, mas não havia, então deixei em um estacionamento e voltei correndo pra minha casa.

Marcela disse que, num primeiro momento, ambas já estavam dormindo enquanto caía a chuva, mas ela acordou por volta das 22h ao escutar a vizinha bater na porta para então pedir que guardasse o carro num local seguro e levasse seus pertences essenciais para o andar de cima.

— Foi tudo muito rápido. Os vizinhos pegaram minha filha, levaram para cima. Quando a gente viu já estava entrando água em casa. Eu saí de casa, e a água estava na cintura. Tentei pegar o máximo de coisas que consegui. Eu até caí e cortei o pé, mas tudo bem. A gente foi para cima, e a água não parava de subir. Por intercessão de Deus, a gente conseguiu subir no telhado pelo cano da calha, e ele não quebrou. Foi uma força sobrenatural — afirmou Marcela.

Foi durante essa tentativa de salvar os materiais mais importantes que Lucas chegou em casa, invadida pela chuva. Conforme eles se abrigaram na casa da vizinha, perceberam que a água não parava de subir e não viram alternativa a não ser buscar refúgio no telhado.

— Consegui salvar poucos eletrodomésticos e documentos, então subimos para o apartamento da vizinha de cima. Só que a água estava subindo e quase chegando no apartamento dela, onde estávamos. A nossa chance era subir no telhado. Então subimos pela tubulação da calha de água. Foi a minha vizinha, depois o namorado. Minha filha estava dormindo. Quando acordei, ela estava com medo. Não queria sair de casa, chorando muito. Depois consegui subir a minha filha (para o telhado). Depois a minha esposa. E, por último, eu subi — relatou Lucas. — Conseguimos algumas cobertas, mas estavam molhadas. Passamos muito frio na madrugada.

Pelas conversas com antigos moradores da cidade, Lucas soube que a área foi atingida por uma enchente em 2016, mas algo com consequências tão graves não era visto desde 1910.

Para reconstruir o lar, a família brasileira conta com uma vaquinha online por iniciativa da família de Marcela, que já arrecadou mais de R$ 10 mil. Os planos envolvem se mudar para outra residência, mas, enquanto isso não é possível, estão na casa de amigos brasileiros na região.

— Nem acreditamos (no valor arrecadado) quando vimos. Realmente são pessoas especiais — agradeceu Lucas. — (Pretendemos) Mudar de lugar com certeza, mas agora é difícil. Por enquanto, conto com duas famílias brasileiras aqui que me ajudaram e ajudam muito, além de italianos e alemães.

Quanto a seu local de trabalho, o restaurante, Lucas está confiante de que o empreendimento vai se reerguer.

— Por enquanto não sabemos de nada (sobre o que será do restaurante). Mas ele vai se reerguer. Já passou por um incêndio antes e com certeza vai passar por essa também.

Diante das chuvas torrenciais na Alemanha, na Bélgica e na Holanda, autoridades europeias alertaram para a necessidade de comprometimento com a luta contra o aquecimento global para frear tragédias semelhantes. As chuvas deixaram mais de 120 mortos, em sua grande maioria no Oeste alemão, e 1,3 mil pessoas não localizadas, naquela que é a maior tragédia climática na região em mais de um século.

Em uma postagem em sua página do Facebook, o distrito de Bad Neuenahr-Ahrweiler, ao Sul da capital estadual Colônia, afirmou que há cerca de 1,3 mil pessoas desaparecidas. Ainda não há informações se foram arrastadas pelas águas ou se simplesmente perderam o contato por telefone.

Devido às enchentes, encostas desabaram, rios transbordaram e invadiram cidades, casas foram destruídas, carros foram arrastados, árvores foram arrancadas e estruturas de construções públicas foram destruídas. A repórteres, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que isso é um "claro sinal" da necessidade de se agir urgentemente.

 

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