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Censo de doença falciforme em Salvador pode virar modelo para assistência na Bahia

Censo de doença falciforme em Salvador pode virar modelo para assistência na Bahia

07/08/2019 às 16h25 Atualizada em 07/08/2019 às 19h25
Por: Redação
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Foto: Reprodução
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A iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador de realizar um censo para identificar pessoas com doença falciforme que residam na capital baiana foi elogiada pelo coordenador geral da Associação Baiana das Pessoas com Doença Falciforme (Abadfal) André Gomes. Para ele, o modelo poderia ser adotado em outras cidades da Bahia, para auxiliar na elaboração de políticas de assistência adequada no estado.

Estima-se que a Bahia tenha cerca de 30 mil pessoas acometidas pela doença. O estado concentra o maior número de pacientes com doença falciforme no mundo, fora do continente africano. A anemia falciforme é um grupo de distúrbios hereditários em que os glóbulos vermelhos do sangue mudam de formato. As células morrem prematuramente, causando uma escassez de glóbulos vermelhos saudáveis, e podem obstruir o fluxo sanguíneo, causando dor. Os sintomas ainda incluem anemia crônica, palidez, cor amarelada na pele e no branco dos olhos, causada por níveis elevados de bilirrubina no sangue (icterícia); inchaços nos pés e mãos, geralmente com muita dor; além de crises dolorosas nos ossos. Também podem ser registrados atraso no crescimento, feridas nas pernas e tendência a infecções.

Gomes critica a falta de iniciativa da gestão pública em políticas que atendam essa população. “Falta muita coisa ainda para que a doença falciforme saia de fato da invisibilidade e comece a ser efetivamente uma política e tenha assistência de qualidade”, afirmou André Gomes, que atribui a ausência ao racismo. “Existe uma forte incidência na população negra, não é majoritariamente, mas é uma doença que sua origem se dá nas pessoas de cor negra, acho que é um pouco mais do racismo também, que já é estrutural”, analisou.

Com uma ordem de serviço assinada em janeiro deste ano pelo governador Rui Costa (PT), o Centro de Referência em Doença Falciforme da Bahia está com obras paralisadas. Segundo a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), a primeira colocada no processo licitatório iniciou a obra de reforma do edifício Antônio Ferreira dos Santos, no bairro do Garcia, em Salvador, e desistiu. A pasta informou ao Bahia Notícias que já deu início ao chamamento da segunda colocada e em até 30 dias as obras serão retomadas. A Sesab não informou, no entanto, datas referentes a desistência por parte da primeira colocada, e nem de início de chamamento da segunda.

Conforme informado pelo governo do estado na época, o centro contaria com investimento de R$ 7,3 milhões, entre obras e equipamentos. A intenção é de que o local seja equipado para realizar atendimento ambulatorial nas especialidades de hematologia, ortopedia, hepatologia, oftalmologia, nutrição, psicologia, odontologia, fisioterapia, serviço social, assistência farmacêutica, endocrinologia, cardiologia e enfermagem.

A política estadual em andamento foi considerada um avanço pela Abadfal. Mas a associação ainda tem dúvidas sobre a qualidade e efetividade da assistência que será ofertada. “Só temos também a reforma do prédio, não temos garantia de que ele vai funcionar”, disse André Gomes.

Isso porquê a assistência a saúde e preparação das unidades e profissionais da área para receber e atender os portadores da doença falciforme estão entre os grandes problemas enfrentados por essa parcela da população, segundo o coordenador da associação. Ele destaca que já existem pesquisas e estudos sobre a patologia, mas a grande deficiência está no desconhecimento dos profissionais de saúde.

A Abadfal destacou a dificuldade de encontrar, na urgência e emergência, leitos para pacientes com a doença falciforme.  “Uma crise da doença falciforme pode levar a óbito em questão de segundos”, lamentou André ao chamar a atenção para a gravidade da doença.

 

Fonte: BN - Bahia Notícias

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