No acumulado no ano, IPCA registra avanço de 3,13% e, em 12 meses, de 4,31%, acima do centro da meta de inflação do governo para este ano, que é de 4%. Alimentos têm alta de 12,14% no ano.
Pressionado pela alta nos preços dos alimentos e combustíveis, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, avançou 0,89% em novembro, acima da taxa de 0,86% de outubro, segundo divulgou nesta terça-feira (8) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Esse é o maior resultado para um mês de novembro desde 2015, quando o indicador foi de 1,01%”, informou o IBGE.
Trata-se também da maior alta mensal desde dezembro de 2019 (1,15%).
No acumulado em 2020, o IPCA registra alta de 3,13% e, em 12 meses, de 4,31%, acima dos 3,92% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Com o resultado, a inflação agora está acima do centro da meta de inflação do governo para este ano, que é de 4%.

Alimentos têm alta de 12,14% no ano: Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 7 tiveram alta em novembro.
A maior variação (2,54%) e o maior impacto (0,53 ponto percentual) vieram, mais uma vez, do grupo Alimentação e bebidas, que acelerou frente a outubro (1,93%). A segunda maior contribuição (0,26 p.p.) veio dos Transportes (1,33%). Juntos, os dois grupos representaram cerca de 89% do IPCA de novembro.
No ano, o grupo alimentos e bebidas acumula alta de 12,14%. Em 12 meses, o avanço é de 15,94%.
Entre os alimentos que mais subiram em novembro, destaque para carnes (6,54%), batata-inglesa (29,65%), tomate (18,45%), arroz (6,28%) e óleo de soja (9,24%). No lado das quedas, o destaque foi o leite longa vida, com queda de 3,47%.
Nos transportes, a maior pressão no índice geral no mês (0,08 ponto percentual) veio da gasolina (1,64%), cujos preços subiram pelo sexto mês consecutivo. Entre os combustíveis (2,44%), destaca-se ainda a alta do etanol (9,23%).
Reajuste de preços e perspectivas – Os analistas passaram a projetar uma inflação para 2020 acima da meta central do governo, de 4%. A expectativa do mercado para este ano passou de 3,54% para 4,21%, de acordo com a última pesquisa Focus do Banco Central.
A revisão das projeções ocorreu após a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizar cobrança extra na conta de energia em dezembro. Nos últimos meses, o patamar mais elevado do dólar e a retomada da economia também contribuiu para a subida dos preços, principalmente de alimentos e combustíveis.
Na última quinta-feira (3), a Petrobras anunciou mais um reajuste de 5% do botijão de gás às distribuidoras.
A alta do custo de vida tem pesado mais no bolso dos mais pobres. O índice da FGV que mede a variação de preços de produtos e serviços para famílias com renda entre um e 2,5 salários mínimos, por exemplo, tem alta acumulada em 12 meses de 5,82% até novembro.
Apesar da aceleração nesta reta final do ano, a inflação oficial ainda está dentro do intervalo de tolerância existente. Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% neste ano sem que a meta seja formalmente descumprida.
Em 2019, a inflação oficial fechou o ano em 4,31%.

A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 2% – mínima histórica.
O mercado segue prevendo manutenção da taxa básica de juros neste patamar até o fim deste ano, subindo para 3% no final de 2021. Ou seja, a expectativa é que a Selic deve voltar a subir no ano que vem.
Para o IPCA de 2021, o mercado financeiro baixou de 3,47% para 3,34% sua previsão. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.
Fonte: G1