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Na distopia em que o país vive, a vacina virou disputa entre irresponsáveis

Na distopia em que o país vive, a vacina virou disputa entre irresponsáveis

17/01/2021 às 11h08 Atualizada em 17/01/2021 às 14h08
Por: Redação
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Jair Bolsonaro e João Doria (Foto: REUTERS/Adriano Machado | GOVSP)
Jair Bolsonaro e João Doria (Foto: REUTERS/Adriano Machado | GOVSP)

Enquanto a pandemia volta a crescer em vários Estados,  Bolsonaro trava uma guerra com Doria (PSDB). Depois da compra fracassada na Índia, o governo se volta para a Coronavac, tão depreciada por eles.  Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde, por meio de seu departamento de logística, mandou um ofício ao Butantan, ligado ao Governo de São Paulo, solicitando a entrega imediata de 6 milhões de doses da Coronavac, a vacina desenvolvida pelo instituto em parceria com o laboratório chinês Sinovac. O Butantan, por sua vez, avisou que só vai disponibilizar o estoque se a pasta esclarecer quanto do contingente já ficará em São Paulo. Apesar da iminência da vacinação, o Ministério da Saúde ainda não apresentou aos Estados quantas doses vão para cada um, um passo básico para planejar a operação. Ou seja, de logística esse pessoal não entende nada.

O Fórum de Governadores pediu agilidade no Plano Nacional de Vacinação, que pode atrasar ainda mais caso o Butantan não repasse todo o estoque exigido pelo Governo, além da “urgente necessidade de definição das quantidades de doses, do primeiro lote, que serão disponibilizadas a cada Estado e municípios”, como descreve o documento assinado pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT).

Apesar do contrato de exclusividade com o Governo Federal, o Instituto Butantan, que já importou mais de 10 milhões de doses, garantiu que a remessa prevista para São Paulo não seria afetada. O caso pode parar no STF, assim como o das seringas, vencido por Doria após a União tentar confiscar equipamentos comprados pelo Estado.

Antes, a troca de farpas políticas seguia pública. Doria havia responsabilizado Bolsonaro pela crise da falta de oxigênio em Manaus e insinuou que o presidente deveria ser indiciado por genocídio. “É resultado da política caótica da saúde pública do Governo federal. Não é razoável imaginar que a situação de caos seja debitada na conta de um prefeito ou governador. Temos Governo federal pra quê? Ministério da Saúde pra quê?”, questionou.

Neste domingo, está em curso a análise dos resultados da Coronavac, e o composto produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O Governo de São Paulo já havia reclamado da demora para avaliação da Coronavac e das exigências feitas pela Anvisa ao Butantan. “Me causa um espanto tremendo”, queixou-se o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, ao comentar sobre a lista de pendências elencadas pela agência reguladora. Até o fim da tarde desta sexta, a Anvisa apontava que 10% da documentação exigida sobre a Coronavac ainda estariam pendentes de envio. Doria afirmou que a secretaria da Saúde permanece de prontidão para encaminhar quaisquer documentos que sejam requisitados.

Especialistas argumentam que faz sentido iniciar a vacinação em várias partes do país ao mesmo tempo, mas a racionalidade epidemiológica não parece estar guiando o processo.

Bolsonaro e Doria seguem com sua disputa política em cima dos brasileiros mortos.

Com informações de El Pais

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