Com mais de 32 milhões de pessoas infectadas em todo o mundo pela Covid-19 desde o início da pandemia, o planeta deverá atingir oficialmente a marca de 1 milhão de mortes neste final de semana. O Brasil, que tem menos de 3% da população mundial, é responsável por 14% dos mortos pela pandemia.
"Chegamos nesse número por um misto de incompetência e negacionismo. Você não consegue combater um problema que você finge que não existe com soluções mágicas e negando tudo o que a ciência tem a oferecer em termos de controle de pandemia", disse ao UOL a doutora em microbiologia pela USP (Universidade de São Paulo) Natália Pasternak.
Para a especialista, ao menos metade das mortes por Covid-19 no país poderiam ter sido evitadas com medidas efetivas de combate à pandemia. "O Brasil foi na contramão do mundo na implementação das medidas preventivas que poderiam ter evitado, pelo menos, metade dessas mortes", afirmou.
Para o médico e professor catedrático da Universidade de Duke, na Carolina do Norte (EUA) Miguel Nicolelis, prevalece no Brasil de Bolsonaro um modelo de combate à pandemia em que a busca do lucro está acima da vida humana e da interação do ser humano: "Chegamos aqui pelo total desprezo da biologia e negacionimso científico”, afirmou.
O Brasil superou a marca de 140 mil mortes em razão da pandemia de covid-19 e permanece como o segundo país com mais óbitos e o terceiro com maior número de casos em todo o mundo. O país ainda reportou mais 31.911 casos de coronavírus, elevando o total de infectados para 4.689.613. Ao todo, 4.040.949 pessoas se recuperaram da doença, segundo o ministério. O Conass não divulga número de recuperados.
A taxa de mortalidade por grupo de 100 mil habitantes no Brasil subiu para 66.9, uma das mais altas do mundo. A cifra fica bem acima da registrada em países vizinhos como Argentina (33,19) e Uruguai (1,36), e também supera a dos EUA (61,71), nação mais atingida pela pandemia no planeta, e a do Reino Unido (63,09), país europeu com mais mortes.
Em números absolutos, o Brasil é o terceiro país do mundo com mais infecções, atrás apenas dos Estados Unidos.