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PANDORAS: turnê virtual de circo feminista chega à Alagoinhas

PANDORAS: turnê virtual de circo feminista chega à Alagoinhas

10/11/2020 às 10h24 Atualizada em 10/11/2020 às 13h24
Por: Redação
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Coletivo formado por três artistas goianas percorrerá as cidades baianas de Cachoeira, Alagoinhas, Salvador e Ilha de Itaparica com exibições de espetáculos e ciclo de debates sobre ser mulher na arte e no Brasil.

Depois de passar por nove cidades nos estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso do Sul, o COLETIVO PANDORAS chega à Bahia para encerrar a sua primeira turnê virtual, experimentando uma nova forma de promover circulação de artes cênicas no país. Distantes do eixo sul-sudeste, que concentra as iniciativas culturais com maior visibilidade, as artistas Radarani Oliveira, Izabela Nascente e Fernanda Pimenta recriaram os espetáculos Pastrana e A Visita de Chico para uma rede de exibições que, além de democratizar o acesso à produção cultural no interior do país, promove discussões sobre o papel político e social do circo e da mulher na arte e fora dela. A segunda cidade baiana a receber as Pandoras é Alagoinhas, que terá o evento transmitido pelo canal do Festival de Artes de Alagoinhas (FESTA) no Youtube, no dia 14 de novembro (sábado), às 20h, com acesso gratuito.

Pastrana é um espetáculo de lambe-lambe que se apropria da história da Monga - A Mulher Gorila, muito popular em feiras e circos Brasil afora, para sintetizar a história de Júlia Pastrana e questionar o padrão de beleza feminino imposto pela sociedade. Já “A Visita de Chico” remonta o imaginário da mulher moderna, que lida com a vida cotidiana e recebe a inesperada e apaixonante visita de Chico, momento em que tem que dar conta de um amor, que é uma representação, e da sociedade, que não aceita o corpo feminino como ele é.

“Fizemos isso como uma forma de resistência a este modo de subjetivação do feminino, apontando para o entendimento que ser mulher é também ser desajustada, engraçada, questionadora e política”, comentou Radarani, artista circense, palhaça e intérprete da Soldara, personagem protagonista em A Visita de Chico.

Após a exibição dos espetáculos, acontecerá um debate com o tema “Transexualidade de Gênero: Afinal o que é isso?”, com a atriz e educadora baiana Matheuzza Xavier, licenciada pela Escola de Teatro da UFBA e integrante do elenco do espetáculo “Pele Negra, Máscaras Brancas”, com trabalhos e palestras sobre raça, gênero e sexualidade; e pela midiativista e escritora Leandrinha Du Art, colunista NINJA que se tornou referência nas pautas sobre sexualidade e gênero para pessoas com deficiência e LGBTQI+. A mediação ficará por conta da artista Radarani Oliveira, integrante do Coletivo Pandoras.

Na Bahia, o projeto passará ainda por mais três cidades no mês de novembro: Alagoinhas, no dia 14; Salvador, no dia 21; e, encerrando a turnê, Ilha de Itaparica, no dia 28. Nestas cidades, os eventos serão transmitidos, respectivamente, pelos canais no Youtube do Festival de Artes de Alagoinhas (FESTA), da Casa Preta, e da Trupe RAIS.

O projeto é uma realização do Coletivo Pandoras, correalizado pela Cultivo Projetos e Soluções Criativas e Círculo Filmes, com apresentação do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás, Secretaria de Estado da Cultura.

A mulher e o cenário artístico - A recriação dos espetáculos para a circulação virtual contou com a correalização da Círculo Filmes, produtora audiovisual baseada no Tocantins, e da Cultivo Projetos e Soluções Criativas, com sede em Minas Gerais. As obras dialogam entre si por trazerem a figura da mulher em primeiro plano, discutindo mitos populares e feminilidade pelo lado de dentro.

Uma das vertentes do projeto é proporcionar o debate sobre a mulher e a produção artística, sobretudo, na região Centro-Oeste e levando em consideração a discussão sobre as produções circenses e as produções femininas. “Esse projeto contribui para a consolidação da atuação feminina na cena goiana e agora também no cenário nacional, ampliando as discussões acerca da produção dos espetáculos circenses”, refletiu Izabela Nascente, atriz, intérprete da Pastrana e diretora de A visita de Chico.

Para Fernanda Pimenta, atriz e criadora da Palhaça Malagueta, a iniciativa favorece ações de fortalecimento e visibilidade, uma vez que coloca em destaque duas artistas goianas que retratam seus universos, seus conflitos e dificuldades impostas social e culturalmente, e aponta para a necessidade de uma resistência em relação às exigências do corpo e da moral da mulher.

 

“Há uma busca de articulação entre as mulheres artistas para que as mesmas possam se inserir no meio artístico – que seria dominado por homens – e acessar recursos para financiar seu trabalho. O financiamento de produtos culturais e as dificuldades que o envolvem são um grande desafio para muitas artistas, principalmente, na produção artística circense”, destacou a atriz.

Diálogo com as cenas locais - O projeto também se desdobra nas regiões e cidades que percorre. A difusão de trabalhos artísticos e culturais que abordam temas feministas, contribuirá para o crescimento de pessoas interessadas e de criação de outros trabalhos que poderão surgir na própria comunidade, com grupos locais e, assim, proliferam para todo o campo cultural regional, nacional e quiçá, internacional.

Além disso, fortalece os espaços de cultura que (r)existem nos estados fora do eixo, e nas cidades fora dos grandes centros urbanos, proporcionando ganhos culturais para esses locais e para a população que eles atendem. Por fim, o projeto proporciona um ganho cultural imensurável: coloca em cena espetáculos que expõem - mais do que uma determinada linguagem ou técnica artística - produções artísticas de mulheres sobre o universo feminino e pautam questionamentos sobre a cultura do ser mulher.

Sobre os espetáculos - Em Pastrana, o truque original da Monga, personagem que se transforma em gorila por conta de um efeito ótico de luz é desconstruído, invertendo a ordem das imagens e dos signos. Ao invés de começar com a mulher se transformando na monga, na caixinha de lambe-lambe, Júlia, a mulher gorila, se transforma em uma ‘monstra’ dentro dos padrões sociais: moça, branca, loira e com os seios siliconados, performando o ‘padrão europeu’.

“Para construir o roteiro, houve a adaptação da tradicional narração da performance e a inversão da figura do monstro, que questiona os padrões voltados para as exigências relativas ao corpo da mulher. A escolha em desenvolver uma circulação artística com enfoque no feminino é potencializar questões referentes ao papel social e artístico da mulher com graça e leveza. Apesar de se tratarem de temas densos e complexos, ambos os espetáculos são cômicos, interativos, e exibem as técnicas circenses como o malabarismo, contorção, mágica e acrobacias para proporcionar uma abordagem libertária, reveladora e contestadora, trazendo elementos que retratam a erotização da mulher no circo e na sociedade, e desconstruindo essa perspectiva através do ridículo”, disseram as autoras.

Já o espetáculo “A Visita de Chico” mescla circo com a história de Soldara, uma palhaça que se veste de homem para ganhar a vida como artista de circo. Ao final de cada apresentação, Soldara retorna à sua casa, emaranhada às exigências da profissão, do corpo e dos projetos de vida, contudo, com seus encantos e desajustes, segue a pacata vida com imaginação. É quando conhece Chico e se apaixona, mas o tenro romance é acometido por uma circunstância indesejada, da qual Soldara se envergonha e foge.  A trama é tecida pela aceitação, pelo desajuste e pelo ridículo enfrentamento da mulher, que precisa lidar com a natureza de seu corpo feminino em uma cultura e sociedade que não o enxergam bem.

 

Por: Jéssica Balbino, Aluísio Cavalcante e Gabriela da Fonseca

 

SERVIÇO – COLETIVO PANDORAS: TURNÊ VIRTUAL

 Quando: 14 de novembro (sábado) – 20h

Onde: Canal do Youtube do Festival de Artes de Alagoinhas (FESTA)

Link dos espetáculos: https://youtu.be/gPMrdjo5Qt0

Link do debate: https://www.youtube.com/watch?v=YBrsVWPHris

Acesso: Gratuito

Mais informações: projetopandoras.com.br

 

Assessoria de Imprensa: Gabriela da Fonseca

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